CARBONO MUSICAL 2: Dolores Duran – Estrada da Saudade (1960)

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Dolores Duran – Estrada da Saudade (1960)

01. Estrada da saudade (Luiz Vieira / Max Gold)
02. Bom é querer bem (Fernando Lobo)
03. Pano legal (Billy Blanco)
04. Só por castigo (José Batista / Nelson Bastos)
05. Na asa do vento (João do Vale / Luiz Vieira)
06. Um amor assim (Dora Lopes)
07. Manias (Flávio Cavalcanti / Celso Cavalcanti)
08. A fia de Chico Brito (Chico Anísio)
09. Pra que falar de mim (Ismael Netto / Macedo Neto)
10. O amor acontece (Celso Cavalcanti / Flávio Cavalcanti)
11. A banca do distinto (Billy Blanco)
12. Praça Mauá (Billy Blanco).

Dolores Duran (Compositora. Cantora)
Adiléa da Silva Rocha
7/6/1930 Rio de Janeiro, RJ
24/10/1959 Rio de Janeiro, RJ


Terceira dos quatro filhos do casal Armindo José da Rocha e Josefa Silva da Rocha. O pai era sargento da Marinha. Nasceu na Rua do Propósito, situada no bairro da Saúde, centro do Rio de Janeiro. Desde os três anos de idade já cantava. Aos cinco, já participava das festas populares de reisado e do grupo de pastorinhas (saía vestida de anjo), realizadas no bairro. Morou nos subúrbios cariocas de Irajá e de Pilares. Teve problemas de saúde na infância (reumatismo infeccioso), um dos motivos do problema cardíaco que lhe acometeu na idade adulta. Aos dez anos, incentivada pelo amigo da família chamado Domingos, resolveu participar do programa de calouros de Ary Barroso (Calouros em Desfile). A pequena Adiléa escolheu a música "Vereda tropical", que interpretou fantasiada de mexicana, com letra em português e espanhol. Tirou nota máxima, o elogio de Ary e 500 mil-réis. A partir daí, passou a aparecer em vários programas da época, sempre aos domingos. Aos doze anos perdeu o pai, fato que precipitou sua profissionalização, já que necessitava ajudar a família nas despesas. 

Casou-se em 8 de julho de 1955 com o radioator e compositor Macedo Neto. O casal não teve filhos, mas adotou uma menina (Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo). Separaram-se três anos depois. Chegou a manter um romance com o músico e compositor João Donato, mais novo do que ela. Mas o namoro chegou ao fim, quando Donato foi morar no México. Na madrugada de 23 de outubro de 1959, depois de um show na boate Little Club, a cantora saiu com amigos para uma festa no Clube da Aeronáutica. Ao sair da festa, resolveram 'esticar' no Kit Club. A cantora chegou em casa às sete da manhã. Ao dirigir-se para seu quarto, disse à empregada: "Não me acorde, estou muito cansada. Vou dormir até morrer." De fato, faleceu ainda naquela manhã, enquanto dormia. Suspeita-se que havia abusado de barbitúricos e de bebida alcoólica. Depois de sua morte, a amiga e cantora Marisa Gata Mansa entregou alguns de seus versos para serem musicados por Ribamar. O compositor Carlos Lyra fez músicas sobre versos inéditos deixados por ela.
Depois da morte do pai, a mãe, por necessidade, apressou sua profissionalização. Aos doze anos, passou a atuar no "Teatro da Tia Chiquinha", programa infantil da Rádio Tupi carioca, mesmo ganhando cachês baixos. A mãe resolveu procurar o diretor da rádio, Olavo de Barros, para pedir um aumento nos cachês. Olavo resolveu o problema levando a menina para atuar em uma temporada de peças infantis realizada no Teatro Carlos Gomes. Participou da montagem de "Mãe-d'Água", "Primavera", "Aladim e a lâmpada maravilhosa" e "O gaúcho". Nessa época, gostava de ouvir discos de músicas estrangeiras (inglês, francês, italiano e espanhol). Percebendo que tinha facilidades na pronúncia em vários idiomas, passou a aprender várias músicas para interpretar. Foi esse fato que a fez participar do concurso "À procura de uma cantora de boleros", organizado por Renato Murce e realizado na Rádio Nacional. Apesar de não vencer o concurso (a vencedora foi Rosita Gonzalez), passou a freqüentar a rádio, procurando aparecer em vários programas e conhecer os artistas da época. Um dia, numa apresentação em um dos programas, foi ouvida pelo Dr. Lauro Pais de Andrade e esposa, que a convidaram para um teste na Boate Vogue (estabelecimento do empresário Barão von Stuckart). Na ocasião do teste, cantou em vários idiomas, o que lhe valeu um contrato. Tinha dezesseis anos e passou a usar o nome artístico de Dolores Duran a partir daí. Num desses shows na Vogue, foi vista por César de Alencar, que a convidou para trabalhar em seu programa que ia ao ar nos sábados pela Rádio Nacional. Foi contratada com o salário de 150 mil-réis por mês. Começou a ser conhecida na noite carioca, freqüentando e se apresentando em várias boates, tais como a Vogue, Beguine, Little Club, Baccarat, Casablanca, Acapulco e Montecarlo. Nesse período de apresentações em shows noturnos, conheceu Ella Fitzgerald, que elogiou sua interpretação de "My funny Valentine" (de Hodges e Hart) e Charles Aznavour, que riu muito quando a cantora o chamou de Gringo. Fez amizades com personagens famosos da crônica carioca: Sérgio Porto, Antônio Maria, Nestor de Holanda e Mister Eco. Gravou o primeiro disco em fins de 1951, lançado para o carnaval do ano seguinte, com os sambas "Que bom será", de Ailce Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marques, e "Já não interessa", de Domício Costa e Roberto Faissal, pela gravadora Star. Em 1952, também pela Star, gravou o samba-canção "Um amor assim", de Dora Lopes, e o samba "Outono", de Billy Blanco. Em 1954, foi contratada pela Copacabana e estreou com o samba-canção "Tradição", de Ismael Silva, e o samba "Bom é querer bem", de Fernando Lobo. No mesmo ano, gravou com sucesso o samba-canção "Canção da volta", de Antônio Maria e Ismael Neto. Gravou também o samba-canção "O amor acontece", dos irmãos Celso e Flávio Cavalcanti. Nessa época, apresentava-se com sucesso na boate Beguin, do Hotel Glória, acompanhada pelo conjunto de Guio de Morais. Em 1955, gravou com sucesso o samba-canção "Praça Mauá", de Billy Blanco e o choro "Carioca 1954", de Antônio Maria e Ismael Neto. No mesmo ano, voltou a gravar uma composição dos irmãos Cavalcanti, o samba-canção "Manias". Gravou ainda no mesmo ano o samba "Pra que falar de mim", de Ismael Neto e Macedo Neto. Nessa última gravação, ficou conhecendo Macedo Neto, com quem se casou em poucos meses. Nesse ano, fez excursão ao Uruguai e compôs sua primeira música: "Se é por falta de adeus", em parceria com Tom Jobim, gravada por Dóris Monteiro logo em seguida. Ainda no mesmo ano, lançou pela Copacabana o LP "Dolores Duran viaja", no qual interpretou composições em espanhol, inglês, francês e alemão, além de "Canção da volta", de Ismael Netto e Antônio Maria. Em 1956, gravou um de seus sucessos como intérprete, o baião "A fia de Chico Brito", de Chico Anysio. Registrou no mesmo disco o xote "Na asa do vento", de Luiz Vieira e João do Vale. Ainda no mesmo ano, gravou o bolero "Zefa Cangaceira", de Chico Anysio. Ainda neste ano, integrou a Caravana de Paulo Gracindo, atuando em circos, nos subúrbios cariocas e viajou em excursão para a Argentina e Uruguai com o violonista Bola Sete e seu conjunto. Em 1957, gravou os sambas "Tá pra acontecer", de José Batista, Ivan Campos e Monsueto Menezes; "Minha agonia", de Mirabeau, Valdir Rocha e Paulo Gracindo, e "Tião", de Wilson Batista e Jorge de Castro. No mesmo ano, compôs nova parceria com Tom Jobim, o samba-canção "Por causa de você". Em março daquele ano, o jovem compositor mostrou-lhe uma composição feita há poucos dias em parceria com Vinícius de Moraes. A cantora ficou encantada com a melodia e ali mesmo escreveu outra letra. Jobim tocou no piano a música e ela cantou seu poema. Ao terminarem, a cantora escreveu o seguinte bilhete para Vinícius: "Esta é a letra que fiz para esta música. Se não concordar, é covardia!". O poeta, sem hesitar, rasgou sua própria letra, admitindo que a dela era bem melhor. Também em 1957, atuou no filme "Rico ri à tóa", dirigido por Roberto Farias. Nesse filme, em um cenário estilizado de favela interpretou o samba "Tião", deWilson Batista e Jorge de Castro. Em 1958, ela mesma gravou a música ("Ah! Você está vendo só/ Do jeito que eu fiquei/ E que tudo ficou..."). No mesmo disco, gravou o samba "Estatuto de boate", de Billy Blanco. Logo em seguida, fez nova parceira com Tom Jobim, "Estrada do sol". Também no mesmo ano, gravou o LP "Dolores Duran canta para você dançar", com destaque para "Feiúra não é nada" e "Se papai fosse eleito", de Billy Blanco, entre outras. Ainda em 1958, fez excursão, junto com outros artistas (Jorge Goulart, Nora Ney, Conjunto Farroupilha) à então União Soviética. Decidiu abandonar o grupo e seguiu para Paris, onde ficou um mês se apresentando numa boate freqüentada por brasileiros. De volta ao Brasil, compôs em parceria com o amigo e pianista Ribamar os sambas-canções "Quem sou eu", "Pela rua", gravada por Tito Madi, "Se eu tiver" e o samba "Idéias erradas". Ainda em 1958, compôs "Castigo", um samba-canção que fez sucesso na voz da cantora Marisa Gata Mansa. Ainda no mesmo ano, lançou o LP "Dolores Duran canta para você dançar nº 2", com destaque para "Sabra Dios", de Álvaro Carrilho; "Conversa de botequim", de Noel Rosa e Vadico; "Esquecimento", de Fernando César e Nazareno de Brito, e "Não me culpes" e "Solidão", de sua autoria. Compôs em 1959, sozinha, seu grande sucesso: "A noite do meu bem", que gravou antes de falecer. No mesmo disco, gravou outro grande sucesso de sua autoria, o samba-canção "Fim de caso". No mesmo ano, lançou o LP "Esse norte é minha sorte", com, entre outras, "Saudade ingrata", de Claudionor Nascimento e Ted Moreno; "Quando se tem amor", de Armando Nunes e Altamiro Carrilho; "Esse norte é minha sorte", de Ruy Duarte e Miguel Gustavo e "Prece de Vitalina", parceria com Chico Anysio. Teve outros poemas musicados por Ribamar depois de sua morte: "Ternura antiga" e "Quem foi". A primeira foi inscrita por Ribamar num festival da TV RIO, "As dez mais lindas canções de amor" e acabou classificando-se em segundo lugar. Somente depois de sua morte prematura, passou a ser cultuada como compositora. Ainda em 1959, o jornal O Globo publicou a seguinte notícia sobre a cantora: "Desta vez sem visitas, no seu programa "Visitando Dolores", a cantora Dolores Duran cantou na TV-Rio as bonitas canções "Solidão" e "Hoje eu quero paz", o divertido samba de Billy Blanco "A banca do distinto" e a meio repulsiva canção norte americana "Sayonara". Foi homenageada em 1959, por ocasião de sua morte inesperada com o LP "A música de Dolores" da gravadora Copacabana que incluiu 13 composições de sua autoria sendo seis com interpretações suas: "A noite do meu bem"; "Não me culpe"; "Minha toada"; "Fim de caso"; "Por causa de você", e "Solidão". As outras canções incluídas no disco foram: "Castigo"; "Se eu tiver"; "Pela rua", e "Olhe o tempo passando", na interpretação de Marisa Gata Mansa; "Noite de paz", na voz de Roberto Audi; "Estrada do sol", interpretada por Agnaldo Rayol, e "Canção da tristeza", cantada por Morgana. Em 1960, Lúcio Alves gravou um LP dedicado às suas obras. No mesmo ano, seu samba canção "A noite do meu bem", foi incluído no LP "Uma orquestra em ritmo de samba - Orquestra Brasileira de Dança" no qual o maestro Carlos Monteiro de Souza interpretou em ritmo de sambas diferentes ritmos, inclusive músicas clássicas. Em 1970, o teatrólogo Paulo Pontes escreveu e produziu o show "Brasileiro, profissão esperança", estrelado por Maria Bethânia e Raul Cortes, com direção de Bibi Ferreira, espetáculo que rememorou vários sucessos da cantora. Paulo Gracindo e Clara Nunes permaneceram cerca de oito meses em cartaz no Canecão, na remontagem do espetáculo. Em 1971, o cantor norte americano Frank Sinatra, gravou em seu LP "Sinatra & Company", da Reprise Records, a versão de "Por causa de você", com o título "Don't ever go away". Na década de 1980, Marisa Gata Mansa entregou a Carlos Lyra uma letra inédita da cantora. Da parceria póstuma nasceu "O negócio é amar", gravada por Nara Leão, entre outros. Uma nova montagem do espetáculo "Brasileiro: Profissão esperança", sempre com direção de Bibi Ferreira, veio a público em 1999, com a própria Bibi Ferreira e Gracindo Jr. A cantora e compositora, teve músicas gravadas por grandes intérpretes da música nacional e internacional, como Milton Nascimento, com "A noite do meu bem"; Tito Madi, "Ternura antiga"; Gal Costa, "Estrada do sol" e Maysa, que gravou "Por causa de você". Elis Regina gravou "Estrada do Sol" e também uma versão em francês para "A noite do meu bem". Em 1994, recebeu homenagem de Nana Caymmi, que gravou um CD só com obras suas com o título "A noite do meu bem - As canções de Dolores Duran". Em 1997, a Editora Globo lançou um fascículo e um CD, incluído na Coleção MPB Compositores nº 28, com o título "Dolores Duran". No final dos anos 1990, o Centro Cultural Banco do Brasil apresentou o musical "Dolores", com texto de Douglas Dwight e Fátima Valença e direção de Antônio de Bonis. O elenco era estrelado por Soraya Ravenle e a direção musical coube a Tim Rescala. No segundo semestre de 2001, várias de suas músicas foram apresentadas no musical "Estão voltando as flores" com as Cantoras do Rádio, roteiro e direção de R. C. Albin, com excursões por várias cidades. Em 2007, foi homenageada pela TV Globo no especial "Por toda minha vida" que contou de forma dramatizada sua vida e carreira artística apresentando ainda seus maiores sucessos em gravações originais. Em 2009, foi lançado pelo selo Biscoito Fino o CD "Entre amigos" que reuniu gravações inéditas da cantora realizadas em saraus domésticos na casa do amigo Geraldo Casé. As gravações foram realizadas entre 1958 e 1959, e incluem interpretações para o samba-canção "Marca na parede" no qual foi acompanhada por Baden Powell no violão e Manoel da Conceição, o Mão-de-Vaca na guitarra. No CD a cantora interpreta ainda standards da canção norte americana, composições de Edith Piaf e sambas-canção. Também estão presentes nessas gravações o pianista Jacques Klein e Chiquinho do Acordeom. Segundo a pesquisadora Ângela Almeida em texto do encarte do CD a "cantora se comporta como mais uma instrumentista na dinâmica da jam session. Estão presentes ainda três faixas-bônus retiradas de encontros realizados na casa do casal Marques de Azevedo, avós de Marisa Monte entre 1949, quando a autora de "A noite do meu bem" contava com 19 anos, e 1953. Ainda em 2009, foi homenageada pelo saxofonista e flautista Mauro Senise em show baseado no CD "Lua cheia - um tributo a Dolores Duran e Sueli Costa" no qual o instrumentista acompanhado por Itamar Assieri ao piano, Ivan "Mamão" Conti na bateria e Paulo Russo no baixo interpreta os clássicos "Fim de caso", "Por causa de você" e "Noite do meu bem", entre outras. Em 2010, foi lançada pela EMI a caixa com oito CDs intitulada "Dolores Duran 50 anos depois" com matrizes da gravadora Copacabana restauradas pela EMI. Nos Cds estão gravações originais como a de "Canção da volta", além de raridades como osamba "Tá pra acontecer", de Monsueto, que permanecera esquecido deswde o lançamento em 1957, além de interpretações de canções em francês e ingles, como "My funny Valentine". Em reportagem para o jornal O Globo, assim escreveu o jornalista João Máxino: "Que Dolores gostava de cantar, fica claro. E cantar de tudo. Não é verdade que a presença de canções em inglês, francês, italiano, espanhol, alemão fosse uma exigência das boates aos seus crooners. Dolores é que, sem ser poliglota (como querem os que confundem bom ouvido com o conhecimento de outras línguas), tinha facilidade para aprender as letras estrangeiras. Sua aproximação com os standards internacionais, sobretudo americanos, deu-se por conta própria, opção de intérprete que realmente gostava de cantar. Se o ecletismo a prejudicou? Sim. Afinal, a melhor Dolores é a do samba-canção, que ela, além de cantar muito bem,sabia fazer ainda melhor." No mesmo ano, foi homenageada pelo jornalista Artur Xexéo que sobre ela escreveu: "Como todos os artistas que morrem cedo demais - Dolores morreu aos 29 anos -, fica sempre a frustação por se imaginar o que ela ainda poderia ter feito. Ela foi uma artista e tanto. E, no país onde ainda prevalecia o respeito por imagens rebuscadas como "palhaço das perdidas ilusões" ou "descrente de tudo me resta o cansaço", Dolores chegou com o coloquialismo de "não faça idéias erradas de mim só porque eu quero você tanto assim". Para mim, a imagem de Dolores estará para sempre cruzada com a de Maysa. Era o repertório das duas que animavam as serenatas promovidas pela minha mãe. Eramhistórias das duas que meus contavam nas manhãs seguintes às noitadas que eles passavam nos night-clubs cariocas." Em 2012, foi lançado o livro "A noite e as canções de uma mulher fascinante", biografia escrita pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour. Em 2013, foi homenageada na casa de espetáculos Miranda, zona sul do Rio de Janeiro, no show "Uma noite para Dolores Duran" - com Rodrigo Faour e convidados. Nesse show cantaram músicas suas os artistas João Donato, Carlos Lyra, Doris Monteiro, Lana Bittencourt, Elba Ramalho, Marcio Gomes, Márcia Castro e Simone Mazzer. Em 2014, foi lançado pela cantora Nina Becker o CD "Minha Dolores", gravado em estúdio em fins de 2013, a partir de show realizado pela cantora no mesmo ano. O CD, da gravadora Joia Moderna, apresenta um série de composições gravadas por Dolores Dura como o samba "Tradição", de Ismael Silva, e o samba-canção "Carioca 1954", de Ismael Netto e Antonio Maria, além de obras da própria Dolores como "Estrada do Sol", parceria com Tom Jobim, e "Solidão", só de Dolores Duran. <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1107304683 0 0 415 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-520092929 1073786111 9 0 415 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:10.0pt; mso-ansi-font-size:10.0pt; mso-bidi-font-size:10.0pt; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-hansi-font-family:Calibri;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --><!--[if gte mso 10]> Depois da morte do pai, a mãe, por necessidade, apressou sua profissionalização. Aos doze anos, passou a atuar no "Teatro da Tia Chiquinha", programa infantil da Rádio Tupi carioca, mesmo ganhando cachês baixos. A mãe resolveu procurar o diretor da rádio, Olavo de Barros, para pedir um aumento nos cachês. Olavo resolveu o problema levando a menina para atuar em uma temporada de peças infantis realizada no Teatro Carlos Gomes. Participou da montagem de "Mãe-d'Água", "Primavera", "Aladim e a lâmpada maravilhosa" e "O gaúcho". Nessa época, gostava de ouvir discos de músicas estrangeiras (inglês, francês, italiano e espanhol). Percebendo que tinha facilidades na pronúncia em vários idiomas, passou a aprender várias músicas para interpretar. Foi esse fato que a fez participar do concurso "À procura de uma cantora de boleros", organizado por Renato Murce e realizado na Rádio Nacional. Apesar de não vencer o concurso (a vencedora foi Rosita Gonzalez), passou a freqüentar a rádio, procurando aparecer em vários programas e conhecer os artistas da época. Um dia, numa apresentação em um dos programas, foi ouvida pelo Dr. Lauro Pais de Andrade e esposa, que a convidaram para um teste na Boate Vogue (estabelecimento do empresário Barão von Stuckart). Na ocasião do teste, cantou em vários idiomas, o que lhe valeu um contrato. Tinha dezesseis anos e passou a usar o nome artístico de Dolores Duran a partir daí. Num desses shows na Vogue, foi vista por César de Alencar, que a convidou para trabalhar em seu programa que ia ao ar nos sábados pela Rádio Nacional. Foi contratada com o salário de 150 mil-réis por mês. Começou a ser conhecida na noite carioca, freqüentando e se apresentando em várias boates, tais como a Vogue, Beguine, Little Club, Baccarat, Casablanca, Acapulco e Montecarlo. Nesse período de apresentações em shows noturnos, conheceu Ella Fitzgerald, que elogiou sua interpretação de "My funny Valentine" (de Hodges e Hart) e Charles Aznavour, que riu muito quando a cantora o chamou de Gringo. Fez amizades com personagens famosos da crônica carioca: Sérgio Porto, Antônio Maria, Nestor de Holanda e Mister Eco. 

Gravou o primeiro disco em fins de 1951, lançado para o carnaval do ano seguinte, com os sambas "Que bom será", de Ailce Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marques, e "Já não interessa", de Domício Costa e Roberto Faissal, pela gravadora Star. Em 1952, também pela Star, gravou o samba-canção "Um amor assim", de Dora Lopes, e o samba "Outono", de Billy Blanco. Em 1954, foi contratada pela Copacabana e estreou com o samba-canção "Tradição", de Ismael Silva, e o samba "Bom é querer bem", de Fernando Lobo. No mesmo ano, gravou com sucesso o samba-canção "Canção da volta", de Antônio Maria e Ismael Neto. Gravou também o samba-canção "O amor acontece", dos irmãos Celso e Flávio Cavalcanti. Nessa época, apresentava-se com sucesso na boate Beguin, do Hotel Glória, acompanhada pelo conjunto de Guio de Morais. 
Em 1955, gravou com sucesso o samba-canção "Praça Mauá", de Billy Blanco e o choro "Carioca 1954", de Antônio Maria e Ismael Neto. No mesmo ano, voltou a gravar uma composição dos irmãos Cavalcanti, o samba-canção "Manias". Gravou ainda no mesmo ano o samba "Pra que falar de mim", de Ismael Neto e Macedo Neto. Nessa última gravação, ficou conhecendo Macedo Neto, com quem se casou em poucos meses. Nesse ano, fez excursão ao Uruguai e compôs sua primeira música: "Se é por falta de adeus", em parceria com Tom Jobim, gravada por Dóris Monteiro logo em seguida. Ainda no mesmo ano, lançou pela Copacabana o LP "Dolores Duran viaja", no qual interpretou composições em espanhol, inglês, francês e alemão, além de "Canção da volta", de Ismael Netto e Antônio Maria. 
Em 1956, gravou um de seus sucessos como intérprete, o baião "A fia de Chico Brito", de Chico Anysio. Registrou no mesmo disco o xote "Na asa do vento", de Luiz Vieira e João do Vale. Ainda no mesmo ano, gravou o bolero "Zefa Cangaceira", de Chico Anysio. Ainda neste ano, integrou a Caravana de Paulo Gracindo, atuando em circos, nos subúrbios cariocas e viajou em excursão para a Argentina e Uruguai com o violonista Bola Sete e seu conjunto. Em 1957, gravou os sambas "Tá pra acontecer", de José Batista, Ivan Campos e Monsueto Menezes; "Minha agonia", de Mirabeau, Valdir Rocha e Paulo Gracindo, e "Tião", de Wilson Batista e Jorge de Castro. No mesmo ano, compôs nova parceria com Tom Jobim, o samba-canção "Por causa de você". Em março daquele ano, o jovem compositor mostrou-lhe uma composição feita há poucos dias em parceria com Vinícius de Moraes. A cantora ficou encantada com a melodia e ali mesmo escreveu outra letra. Jobim tocou no piano a música e ela cantou seu poema. Ao terminarem, a cantora escreveu o seguinte bilhete para Vinícius: "Esta é a letra que fiz para esta música. Se não concordar, é covardia!". O poeta, sem hesitar, rasgou sua própria letra, admitindo que a dela era bem melhor. Em 1958, ela mesma gravou a música ("Ah! Você está vendo só/ Do jeito que eu fiquei/ E que tudo ficou..."). No mesmo disco, gravou o samba "Estatuto de boate", de Billy Blanco. Logo em seguida, fez nova parceira com Tom Jobim, "Estrada do sol". Também no mesmo ano, gravou o LP "Dolores Duran canta para você dançar", com destaque para "Feiúra não é nada" e "Se papai fosse eleito", de Billy Blanco, entre outras. Ainda em 1958, fez excursão, junto com outros artistas (Jorge Goulart, Nora Ney, Conjunto Farroupilha) à então União Soviética. Decidiu abandonar o grupo e seguiu para Paris, onde ficou um mês se apresentando numa boate freqüentada por brasileiros. De volta ao Brasil, compôs em parceria com o amigo e pianista Ribamar os sambas-canções "Quem sou eu", "Pela rua", gravada por Tito Madi, "Se eu tiver" e o samba "Idéias erradas". Ainda em 1958, compôs "Castigo", um samba-canção que fez sucesso na voz da cantora Marisa Gata Mansa. Ainda no mesmo ano, lançou o LP "Dolores Duran canta para você dançar nº 2", com destaque para "Sabra Dios", de Álvaro Carrilho; "Conversa de botequim", de Noel Rosa e Vadico; "Esquecimento", de Fernando César e Nazareno de Brito, e "Não me culpes" e "Solidão", de sua autoria. 
Compôs em 1959, sozinha, seu grande sucesso: "A noite do meu bem", que gravou antes de falecer. No mesmo disco, gravou outro grande sucesso de sua autoria, o samba-canção "Fim de caso". No mesmo ano, lançou o LP "Esse norte é minha sorte", com, entre outras, "Saudade ingrata", de Claudionor Nascimento e Ted Moreno; "Quando se tem amor", de Armando Nunes e Altamiro Carrilho; "Esse norte é minha sorte", de Ruy Duarte e Miguel Gustavo e "Prece de Vitalina", parceria com Chico Anysio. Teve outros poemas musicados por Ribamar depois de sua morte: "Ternura antiga" e "Quem foi". A primeira foi inscrita por Ribamar num festival da TV RIO, "As dez mais lindas canções de amor" e acabou classificando-se em segundo lugar. Somente depois de sua morte prematura, passou a ser cultuada como compositora. Ainda em 1959, o jornal O Globo publicou a seguinte notícia sobre a cantora: "Desta vez sem visitas, no seu programa "Visitando Dolores", a cantora Dolores Duran cantou na TV-Rio as bonitas canções "Solidão" e "Hoje eu quero paz", o divertido samba de Billy Blanco "A banca do distinto" e a meio repulsiva canção norte americana "Sayonara". Foi homenageada em 1959, por ocasião de sua morte inesperada com o LP "A música de Dolores" da gravadora Copacabana que incluiu 13 composições de sua autoria sendo seis com interpretações suas: "A noite do meu bem"; "Não me culpe"; "Minha toada"; "Fim de caso"; "Por causa de você", e "Solidão". As outras canções incluídas no disco foram: "Castigo"; "Se eu tiver"; "Pela rua", e "Olhe o tempo passando", na interpretação de Marisa Gata Mansa; "Noite de paz", na voz de Roberto Audi; "Estrada do sol", interpretada por Agnaldo Rayol, e "Canção da tristeza", cantada por Morgana. Em 1960, Lúcio Alves gravou um LP dedicado às suas obras. No mesmo ano, seu samba canção "A noite do meu bem", foi incluído no LP "Uma orquestra em ritmo de samba - Orquestra Brasileira de Dança" no qual o maestro Carlos Monteiro de Souza interpretou em ritmo de sambas diferentes ritmos, inclusive músicas clássicas. Em 1970, o teatrólogo Paulo Pontes escreveu e produziu o show "Brasileiro, profissão esperança", estrelado por Maria Bethânia e Raul Cortes, com direção de Bibi Ferreira, espetáculo que rememorou vários sucessos da cantora. Paulo Gracindo e Clara Nunes permaneceram cerca de oito meses em cartaz no Canecão, na remontagem do espetáculo. Em 1971, o cantor norte americano Frank Sinatra, gravou em seu LP "Sinatra & Company", da Reprise Records, a versão de "Por causa de você", com o título "Don't ever go away". Na década de 1980, Marisa Gata Mansa entregou a Carlos Lyra uma letra inédita da cantora. Da parceria póstuma nasceu "O negócio é amar", gravada por Nara Leão, entre outros. Uma nova montagem do espetáculo "Brasileiro: Profissão esperança", sempre com direção de Bibi Ferreira, veio a público em 1999, com a própria Bibi Ferreira e Gracindo Jr. A cantora e compositora, teve músicas gravadas por grandes intérpretes da música nacional e internacional, como Milton Nascimento, com "A noite do meu bem"; Tito Madi, "Ternura antiga"; Gal Costa, "Estrada do sol" e Maysa, que gravou "Por causa de você”. Elis Regina gravou "Estrada do Sol" e também uma versão em francês para "A noite do meu bem”. 
Em 1994, recebeu homenagem de Nana Caymmi, que gravou um CD só com obras suas com o título "A noite do meu bem - As canções de Dolores Duran". Em 1997, a Editora Globo lançou um fascículo e um CD, incluído na Coleção MPB Compositores nº 28, com o título "Dolores Duran". No final dos anos 1990, o Centro Cultural Banco do Brasil apresentou o musical "Dolores", com texto de Douglas Dwight e Fátima Valença e direção de Antônio de Bonis. O elenco era estrelado por Soraya Ravenle e a direção musical coube a Tim Rescala. No segundo semestre de 2001, várias de suas músicas foram apresentadas no musical "Estão voltando as flores" com as Cantoras do Rádio, roteiro e direção de R. C. Albin, com excursões por várias cidades. Em 2007, foi homenageada pela TV Globo no especial "Por toda minha vida" que contou de forma dramatizada sua vida e carreira artística apresentando ainda seus maiores sucessos em gravações originais. Em 2009, foi lançado pelo selo Biscoito Fino o CD "Entre amigos" que reuniu gravações inéditas da cantora realizadas em saraus domésticos na casa do amigo Geraldo Casé. As gravações foram realizadas entre 1958 e 1959, e incluem interpretações para o samba-canção "Marca na parede" no qual foi acompanhada por Baden Powell no violão e Manoel da Conceição, o Mão-de-Vaca na guitarra. No CD a cantora interpreta ainda standards da canção norte americana, composições de Edith Piaf e sambas-canção. Também estão presentes nessas gravações o pianista Jacques Klein e Chiquinho do Acordeom. Segundo a pesquisadora Ângela Almeida em texto do encarte do CD a "cantora se comporta como mais uma instrumentista na dinâmica da jam session”. Estão presentes ainda três faixas-bônus retiradas de encontros realizados na casa do casal Marques de Azevedo, avós de Marisa Monte entre 1949, quando a autora de "A noite do meu bem" contava com 19 anos, e 1953. Ainda em 2009, foi homenageada pelo saxofonista e flautista Mauro Senise em show baseado no CD "Lua cheia - um tributo a Dolores Duran e Sueli Costa" no qual o instrumentista acompanhado por Itamar Assieri ao piano, Ivan "Mamão" Conti na bateria e Paulo Russo no baixo interpreta os clássicos "Fim de caso", "Por causa de você" e "Noite do meu bem", entre outras. Em 2010, foi lançada pela EMI a caixa com oito CDs intitulada "Dolores Duran 50 anos depois" com matrizes da gravadora Copacabana restauradas pela EMI. Nos Cds estão gravações originais como a de "Canção da volta", além de raridades como osamba "Tá pra acontecer", de Monsueto, que permanecera esquecido deswde o lançamento em 1957, além de interpretações decanções em francês e ingles, como "My funny Valentine". Em reportagem para o jornal O Globo, assim escreveu o jornalista João Máxino: "Que Dolores gostava de cantar, fica claro. E cantar de tudo. Não é verdade que a presença de canções em inglês, francês, italiano, espanhol, alemão fosse uma exigência das boates aos seus crooners. Dolores é que, sem ser poliglota (como querem os que confundem bom ouvido com o conhecimento de outras línguas), tinha facilidade para aprender as letras estrangeiras. Sua aproximação com os standards internacionais, sobretudo americanos, deu-se por conta própria, opção de intérprete que realmente gostava de cantar. Se o ecletismo a prejudicou? Sim. Afinal, a melhor Dolores é a do samba-canção, que ela, além de cantar muito bem,sabia fazer ainda melhor." 

FONTE: http://dicionariompb.com.br/dolores-duran/dados-artisticos

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